terça-feira, 17 de novembro de 2009

Hipertensão





O que é a hipertensão arterial ou pressão alta ?

A hipertensão arterial ou hipertensão arterial sistêmica, é uma doença de origem multifatorial (que apresenta várias causas),geralmente assintomática(sem sintomas), caracterizada pela elevação dos níveis da pressão arterial.
Sua presença aumenta o risco do desenvolvimento de complicações cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral (derrame cerebral), infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, doenças da aorta (aneurismas e outras), retinopatia (comprometimento da retina dos olhos) e a insuficiência renal.

     A hipertensão arterial é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose (aparecimento de placas de gordura na parede das diversas artérias do organismo).
     A associação da hipertensão arterial com outros fatores de risco cardiovascular, como a obesidade abdominal, diabete melito e as dislipidemias (anormalidades do colesterol e suas frações), é um achado freqüente (cerca de 80% dos pacientes hipertensos apresentam outros fatores de risco), denotando um mecanismo comum entre estas doenças.
     Esta associação de fatores de risco cardiovascular é a característica principal da síndrome metabólica. A hipertensão arterial é uma doença que pode iniciar desde a infância e acomete cerca de 25 a 30% dos adultos (18 a 60 anos de idade). Entre os idosos (pessoas com 60 anos de idade ou mais), uma população crescente em nosso país, estas cifras são ainda mais expressivas, ultrapassando valores de 50%.
     A hipertensão arterial, é considerada pela OMS (organização mundial de saúde), como a principal causa de morte tratável em todo o mundo.

Causas:

A hipertensão arterial pode ser primária (origem multifatorial, sem uma causa específica) ou secundária (com uma causa específica).

- Hipertensão arterial primária :

     Não apresenta uma causa aparente, correspondendo a grande maioria dos casos (mais de 90%). A hipertensão arterial primária é uma doença multifatorial, sendo que diversos aspectos contribuem para o seu aparecimento: idade, sexo (os homens geralmente iniciam o quadro de hipertensão antes dos 50 anos e as mulheres após os 50 anos), excesso de peso, raça (afrodescendentes sofrem mais de hipertensão), sedentarismo, fatores sócio-econômicos (pessoas de nível social mais baixo são mais propensas ao desenvolvimento da HA), ingesta excessiva de sal, história familiar (genética), entre outros fatores.
     A presença de hipertensão arterial primária, obesidade abdominal, resistência à ação da insulina (hormônio que permite a entrada do açúcar para dentro das células), elevação dos níveis de glicemia (açúcar no sangue) e dos triglicerídeos, associados com baixos níveis de HDL-colesterol ("colesterol bom"), são os componentes da síndrome metabólica.

- Hipertensão arterial secundária:

     Apresenta uma causa aparente, correspondendo a minoria dos casos (menos de 10%). São causas secundárias de hipertensão arterial: doenças renais, doenças das artérias renais (comprometimento por aterosclerose ou displasia fibromuscular), doenças da supra-renal (acarretam um excesso na produção do hormônio aldosterona, o qual retém sódio e água), síndrome de Cushing (excesso na produção de corticóide pelo organismo), feocromocitoma (tumor que produz catecolaminas, substâncias que elevam o batimento cardíaco e a pressão arterial), coarctação da aorta (estreitamento congênito da artéria aorta), doenças da tireóide (hipo ou hipertireoidismo), ação de medicamentos (antiinflamatórios, corticóides, descongestionantes nasais, inibidores de apetite, anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal e certos antidepressivos), ingesta excessiva de álcool, uso de drogas ilícitas (como cocaína e seus derivados), síndrome da apnéia obstrutiva do sono (roncos e paradas respiratórias noturnas, associadas a fadiga e sonolência diurna), entre outras.

Sintomas:

     A hipertensão arterial não costuma causar sintomas, por isso, é conhecida como a "matadora silenciosa". Sintomas como dor de cabeça, mal estar, tonturas e sangramento nasal não apresentam uma boa correlação com níveis elevados da pressão arterial. Muitas vezes, o diagnóstico de hipertensão arterial é realizado apenas na vigência de complicações cardiovasculares (veja abaixo).

Complicações:

     A hipertensão arterial é um importante fator de risco para o desenvolvimento de complicações em vários locais do organismo (as chamadas "lesões em orgãos-alvo"). A presença de níveis mais elevados de pressão arterial e a presença de outros fatores de risco cardiovascular, como tabagismo, dislipidemidas (anormalidades do colesterol e suas frações) ou diabete melito, aumentam muito o risco do desenvolvimento das lesões em orgãos-alvo.

- Coração :

     A hipertrofia do ventrículo esquerdo (espessamento anormal do músculo cardíaco , resultante de uma sobrecarga causada por uma pressão arterial aumentada), é uma das primeiras anormalidades cardíacas decorrentes da hipertensão. Outras complicações cardíacas são: angina do peito, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração.

- Cérebro :

     Pode surgir a isquemia cerebral transitória, acidente vascular cerebral (derrame cerebral) e demência vascular.

- Rins:

     Pode ser disfunção renal, traduzida por perda urinária de proteínas até uma insuficiência renal crônica.

- Vasos:

     Pode ocorrer a aterosclerose (formação de placas de gordura ou ateromas) e doenças da aorta (aneurismas e outras).

- Olhos:

     A hipertensão pode acarretar um comprometimento da retina, podendo chegar à cegueira.

Diagnóstico:

     Por ser uma doença geralmente sem sintomas, grande parte dos portadores de hipertensão arterial não estão cientes sobre a existência da doença. Um estudo brasileiro, demonstrou que apenas 50% dos hipertensos sabia de fato sobre a existência de sua doença. O diagnóstico da hipertensão fundamenta-se na medida da pressão arterial.

     Na maioria dos casos, o diagnóstico de hipertensão arterial exige a constatação de uma pressão arterial elevada em diversas consultas. Este diagnóstico, poderá ser confirmado por um exame que analise a pressão arterial fora do consultório (veja abaixo). De uma forma didática, podemos dizer que a pressão arterial sistólica( máxima), resulta do impacto do sangue na aorta após ser ejetado pelo coração. A pressão arterial diastólica (mínima), corresponde ao acomodamento deste sangue que foi ejetado na circulação sangüínea. O valor destas duas pressões são expressas em milímetros de mercúrio (exemplo: 124/82 mmHg).

     Tanto a pressão arterial sistólica quanto a diastólica, quando elevadas, aumentam o risco de complicações cardiovasculares. Estas pressões costumam se elevar ao longo da vida, no entanto, após os 50 anos de idade a pressão arterial diastólica para de se elevar, podendo inclusive diminuir. Logo, em pessoas idosas, na qual as artérias são mais calcificadas e endurecidas, comumente observamos um aumento apenas da pressão arterial sistólica. Esta forma particluar de hipertensão arterial é chamada de hipertensão arterial sistólica isolada (veja abaixo). Em adultos, o risco cardiovascular começa a aumentar a partir de valores da pressão arterial superiores a 115/75 mmHg, por isso, consideramos a pressão arterial ótima quando esta for inferior à 120/80 mmHg.

- Classificação da pressão arterial: ótima (inferior a 120/80 mmHg), normal (entre 120-129 / 80-84 mmHg), limítrofe (entre 130-139 / 85-89 mmHg), hipertensão (maior ou igual a 140/90 mmHg) e hipertensão sistólica isolada (maior que 140 mmHg e inferior a 90 mmHg).

- Comportamento da pressão arterial no ambiente médico ou de consultório: a medida da pressão arterial é um ato médico aparentemente simples, mas que apresenta inúmeras limitações, relacionadas ao paciente, ao médico, aos equipamentos utilizados e a técnica empregada para a medida da pressão arterial.

     A pressão arterial poderá alterar-se significativamente por influência do ambiente médico ou de consultório, tal fato dificulta um correto diagnóstico da doença. Neste contexto, poderão ocorrer as seguintes situações em relação a pressão arterial:
     Não ocorrer uma alteração significativa (a maioria dos casos).
     Ocorrer o "efeito do avental branco", ou seja, uma elevação da pressão arterial que ocorre em pessoas com ou sem hipertensão arterial, mas que não altera o seu diagnóstico definitivo (em pessoas sem hipertensão, essa elevação não é suficiente para colocá-lo na categoria de um paciente hipertenso, ou seja, com pressão arterial igual ou maior que 140/90 mmHg).
     Ocorrer a "hipertensão do avental branco", ou seja, uma elevação da pressão arterial a um nível de hipertensão arterial (pressão arterial maior ou igual a 140/90 mmHg), em uma pessoa que fora do consultório é normotensa (corresponde a até 30% dos pacientes com suspeita de hipertensão).
     Ocorrer a "normotensão do consultório", ou seja, uma queda da pressão arterial a níveis inferiores à 140/90 mmHg, em pacientes que são realmente hipertensos fora do consultório.
     Por isso, uma grande porporção dos pacientes hipertensos necessitará de uma confirmação de seu diagnóstico através de um exame que analise a pressão arterial fora do ambiente médico ou de consultório, como a MAPA ( monitorização ambulatorial da pressão arterial ) ou a MRPA ( monitorização residencial da pressão arterial ).

Prognóstico:

     A hipertensão arterial não tratada corretamente, explica 25% dos casos de diálise por insuficiência renal crônica terminal, 80% dos acidentes vasculares cerebrais (derrame cerebral) e 60% dos casos de infarto do miocárdio. Essas doenças são a principal causa de morte no país, quase 300 mil óbitos por ano.
     As complicações, quando não levam à morte, prejudicam a qualidade de vida do paciente e oneram o Estado. Dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40% das aposentadorias precoces decorrem de derrames cerebrais e infartos do miocárdio. As doenças cardiovasculares foram responsáveis por 1,18 milhões de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2005, a um custo aproximado de 1,3 bilhões de reais.

     Tratamento e prevenção :

     O tratamento da hipertensão arterial pode ser dividido em não-medicamentoso e medicamentoso. Valores abaixo de 120/80 mmHg (pressão arterial ótima), seriam a meta ideal a ser obtida em todos os pacientes, no entanto, estes valores não costumam ser facilmente alcançados. Em grande parte dos pacientes, a meta mais realista é manter a pressão arterial pelo menos abaixo de 140/90 mmHg. Em diabéticos, portadores de vários fatores de risco e naqueles com doença cardiovascular comprovada, a meta mínima a ser perseguida seriam valores abaixo de 130/85 mmHg(pressão arterial normal). As mesmas medidas adotas para o tratamento não-medicamentoso da HA, também servem para a sua prevenção.

- Tratamento não-medicamentoso:
     São basicamente mudanças nos hábitos de vida. As medidas a serem adotadas por todos os hipertensos são as seguintes:

Perda de peso:

     Hipertensos com excesso de peso devem emagrecer. O objetivo é atingir uma circunferência abdominal adequada (inferior à 94 cm nos homens e 80 cm nas mulheres) e um índice de massa corporal (peso dividido pela a altura ao quadrado = P / H2 ) inferior a 25 kg/m2. A perda de dez quilos pode diminuir a pressão arterial sistólica em 5 a 20 mmHg, sendo a medida não-medicamentosa de melhor resultado. Uma dieta com baixa caloria e um aumento do gasto energético com atividades físicas, são fundamentais para a perda de peso(leia as postagens sobre obesidade e emagrecimento).

Alimentação adequada:

     A dieta do hipertenso deverá ser pobre em sal e rica em potássio, magnésio e cálcio. A dieta pobre em sal (hipossódica) deverá restringir a ingesta diária de sal em 6 gramas (2,4 gramas de sódio), ou seja, 4 colheres rasas de café de sal = 4 gramas de sal, mais 2 gramas de sal próprio dos alimentos (evite: conservas, frios, enlatados, embutidos, molhos prontos, sopas de pacote, queijos amarelos, salgadinhos, etc...). O consumo de vinagre, limão, azeite de oliva, pimenta e ervas está permitido, pois estes alimentos não influenciam na pressão arterial. Uma dieta hipossódica pode reduzir a pressão arterial sistólica em 2 a 8 mmHg. Uma dieta rica em potássio e magnésio poderá ser obtida através de uma ingesta rica de feijões, ervilhas, vegetais verde escuros, banana, melão,laranja, cenoura, beterraba, frutas secas, tomates, e batata inglesa. O cálcio da dieta poderá ser obtido através de derivados do leite com baixo teor de gorduras, como o leite e o iogurte desnatados e os queijos brancos. Uma dieta, chamada de DASH, composta de frutas, verduras, fibras, alimentos integrais, leite desnatado, pobre em colesterol e gorduras saturadas, foi testada e demonstrou ser capaz de reduzir a pressão arterial sistólica em 8 a 14 mmHg.

Ingesta moderada de bebidas alcoólicas:

     O hipertenso deve evitar uma ingesta regular de bebidas alcóolicas e, quando isto ocorrer, esta ingesta deverá ser limitada a 30 gramas de etanol nos homens(700ml de cerveja = 2 latas de 350ml ou 300ml de vinho = 2 taças de 150ml ou 100ml de destilado = 3 doses de 30ml) e 15 gramas de etanol nas mulheres, ou seja, 50% da quantidade permitida para homens. A diminuição da ingesta excessiva de bebidas alcóolicas pode diminuir a pressão arterial sistólica em 2 a 4 mmHg.

Cessação do hábito de fumar :

     O tabagismo aumenta muito o risco de complicações cardiovasculares em pacientes portadores de HA, logo, deverá ser abandonado (leia as páginas sobre como parar de fumar).

Prática regular de exercícios físicos:

     O paciente hipertenso deverá praticar exercícios físicos aeróbicos (caminhada, corrida, ciclismo, dança ou natação), 3 a 5 vezes por semana, com uma duração mínima de 30 minutos e uma intensidade moderada (50 a 70% da freqüência cardíaca máxima para indivíduos sedentários e 60 a 80% da freqüência cardíaca máxima para indivíduos treinandos). O início de um programa de exercícios físicos deverá ser precedido por uma avaliação médica. Hipertensos severos não devem inciar exercícios físicos antes de um controle satisfatório da sua pressão arterial. A prática regular de exercícios físicos pode reduzir a pressão arterial sistólica em 4 a 9 mmHg .

Controle do estresse emocional:

     O estresse emocional persistente pode contribuir para a manutenção de uma pressão arterial mais elevada. Técnicas de controle do estresse emocional podem ser úteis no controle da hipertensão arterial.

Tratamento medicamentoso:

     O uso de medicamentos deverá ser instituído de forma imediata em hipertensos graves ou naqueles que apresentam mais fatores de risco cardiovascular (tabagismo, diabete melito, obesidade abdominal, dislipidemias, idade maior que 60 anos, etc...) ou ainda ,nos pacientes que apresentam evidências de lesões em orgãos-alvo da hipertensão arterial. Atualmente dispomos de uma infinidade de medicamentos para o combate da hipertensão.

     A opção por uma ou outra medicação, deverá levar em conta aspectos individuais de cada paciente.     Cerca de 70% ou mais dos hipertensos necessitará de duas ou mais medicações para o controle adequado de sua pressão arterial. Infelizmente, pelo caráter crônico, assintomático e incurável da doença, grande parte dos pacientes portadores de hipertensão abandonam o tratamento. Em um estudo brasileiro recente, constatou-se que menos de 10% dos pacientes hipertensos apresentavam um controle satisfatório da pressão arterial.

fonte: www.portaldocoracao.com.br

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